Saudações, leitores!
Entramos em 2025 com um cenário econômico cheio de desafios para o Brasil. Em meio às novas dinâmicas globais e políticas domésticas, exploramos os principais pontos positivos, negativos e as perspectivas econômicas que podem moldar este ano.
Cenários:
1. Resiliência do Agronegócio: O setor permanece como o principal pilar da economia, com um crescimento previsto de 4,5% nas exportações do primeiro trimestre, impulsionado pela demanda por soja e milho, especialmente na China e na União Europeia. Além disso, a desvalorização do real frente ao dólar torna os produtos brasileiros mais competitivos no mercado externo.
2. Investimentos Estratégicos: Projetos de infraestrutura financiados por parcerias público-privadas têm avançado. A conclusão de obras em ferrovias e portos deve melhorar a logística e reduzir custos de exportação. Já a transição energética e a busca por soluções sustentáveis abrem caminho para inovações e novos negócios. Esse conjunto de ações impulsionam a economia e a geração de empregos qualificados.
3. Controle da Inflação: Embora tenha encerrado 2024 em 0,33% acima do teto de 4,5% a.a.,a inflação permanece sob controle, muito em função da gestão técnica e independente do Bacen. Com a nova diretoria que assumiu no início de janeiro, espera-se reduções graduais da taxa de juros, atualmente em 12,25% a.a., o que pode estimular investimentos no segundo semestre. Entretanto, há setores da economia que apostam em SELIC de 15% a.a. para as duas próximas reuniões do COPOM, o que penalizará ainda mais o custo de capital para empresas, especialmente pequenas e médias.
4. Desemprego Persistente: Apesar dos avanços em setores específicos, o desemprego em 8,9% – sem contar os 26 milhões de beneficiários dos programas sociais – ainda é uma questão crítica. Muitos trabalhadores encontram dificuldades em se recolocar devido à falta de qualificação adequada para novas demandas do mercado.
5. Bolsa Família e BPC: Com 26 milhões de beneficiários ao todo, os programas representaram um impacto de R$ 175 bilhões no orçamento em 2023. Embora essencial para garantir a segurança alimentar da população mais vulnerável e estimular a economia emregiões menos assistidas, não se percebe esforço do governo federal para a criação de uma “porta de saída” por meio de políticas públicas para a capacitação profissional da população assistida e consequente acesso ao mercado de trabalho.
6. Carga Tributária Elevada: A complexidade e o peso da carga tributária continuam sendo entraves para pequenas e médias empresas, limitando seu crescimento e competitividade. A carga tributária brasileira geralmente gira em torno de 33% a 35% do PIB, dependendo do ano. Esse percentual coloca o Brasil entre os países com carga tributária mais elevada, especialmente considerando o nível de desenvolvimento econômico.
7. Dívida Pública: A dívida pública segue alta, o que pressiona o orçamento e dificulta novos investimentos em áreas prioritárias, como educação e saúde. Em novembro de 2024, a Dívida Pública Federal (DPF) atingiu R$ 7,204 trilhões, representando um aumento de 1,85% em relação ao mês anterior. Além disso, a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), que inclui as dívidas da União, estados e municípios, alcançou R$ 8,8 trilhões em julho de 2024, correspondendo a 78,5% do PIB brasileiro.
8. Novo Governo nos EUA e Impactos: A nova gestão nos Estados Unidos traz consigo incertezas quanto às políticas comerciais e relações internacionais. Um possível protecionismo americano pode impactar as exportações brasileiras, exigindo diversificação de mercados. Por outro lado, novas parcerias podem surgir, abrindo novas frentes para o comércio exterior, como por exemplo o mercado de energia limpa, biocombustíveis e minerais estratégicos como o lítio.
Oportunidades em Meio aos Desafios:
Apesar dos desafios, o Brasil apresenta oportunidades em diversos setores. Diante desse cenário, é crucial que as empresas busquem alternativas para impulsionar seus negócios. O acesso a capital de giro e linhas de crédito se torna essencial.
Algumas sugestões incluem:
a. Renegociação de Dívidas: Buscar junto às instituições financeiras a renegociação de dívidas existentes, buscando melhores prazos e taxas.
b. Linhas de Crédito com Garantias: Utilizar garantias reais ou aval de terceiros para obter melhores condições em linhas de crédito.
c. Fomento a Micro e Pequenas Empresas: Explorar linhas de crédito específicas para micro e pequenas empresas, com taxas diferenciadas e menor burocracia como as do BNDES e BRDE para investir em novos equipamentos e contratação de pessoal qualificado.
d. Fundos de Investimento: Avaliar a captação de recursos por meio de fundos de investimento ou debêntures buscando investidores alinhados com o perfil da empresa.
Conclusão:
O cenário econômico brasileiro em 2025, como vimos, apresenta uma combinação de desafios e oportunidades reais de avanços econômicos, desde que sejam enfrentados com atenção, planejamento estratégico e colaboração. Embora o país enfrente questões como a inflação controlada e a alta taxa de juros, o potencial de recuperação econômica está presente em vários setores, especialmente em áreas como tecnologia, agronegócio e energia renovável. A adoção de políticas fiscais responsáveis e o estímulo ao empreendedorismo podem ser fundamentais para o Brasil atingir um crescimento sustentável e inclusivo.
Manter-se informado sobre as tendências econômicas e as mudanças no cenário global é essencial para aproveitar as oportunidades que surgem nesse contexto. O Brasil, apesar de suas complexidades, segue sendo um mercado de grande relevância, e quem souber navegar seus altos e baixos poderá encontrar caminhos promissores para o futuro. A busca por soluções inovadoras e o acesso a crédito consciente serão determinantes para o sucesso das empresas e o crescimento da economia brasileira. Acompanharemos de perto a evolução do cenário econômico e traremos novas análises em nossas próximas newsletters.
Até breve!
Fábio A. Baggio Camargo
02/01/2025
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